O Painel III do 3.º Encontro da Educação, cujo tema foi Leitura e literacia: o papel das bibliotecas escolares, teve como oradores Ana Bela Martins da Rede de Bibliotecas Escolares e o Comissário do Plano Nacional de Leitura, Fernando Pinto do Amaral. A moderação do painel coube a Helena Duque, Coordenadora interconcelhia da RBE.
Ana Bela Martins que fez a primeira comunicação do painel começou por salientar o facto de hoje se escrever e ler de formas diferentes de há 30 ou 20 anos, o que exige novas estratégias. A leitura assumiu outros contornos porque faz-se utilizando novos suportes. À leitura analógica juntou-se a leitura digital.
Referiu a falta de hábitos de leitura extensiva dos jovens, a qual exige tempo, esforço, paciência de que eles aparentemente não dispõem. A leitura que fazem nos novos suportes é rápida, fácil e imediata. Todavia, segundo Ana Bela Martins, há uma contradição entre a facilidade e a destreza com que usam esses suportes e a forma como a informação está organizada. Por isso é preciso usar os suportes de forma significativa, desempenhando os professores, aí, um papel fundamental.
Se por um lado a leitura continua a ser valorizada, até porque é através dela que se acede aos novos suportes, por outro, há que estar atento ao tipo de textos que estão a ser lidos e como estão a ser descodificados. A leitura de textos mais longos e mais complexos é fundamental para elevar os níveis de literacia e permitir o acesso ao conhecimento.
Sublinhou também a importância da leitura de textos literários e não apenas informativos, na aquisição de valores e formação da própria personalidade dos jovens.
Ana Bela Martins concluiu, afirmando que o papel das bibliotecas, quer públicas, quer escolares, assume uma importância primordial no desenvolvimento das literacias múltiplas junto dos nossos jovens.
Na sua intervenção, o Comissário do PNL deu continuidade às ideias defendidas pela anterior oradora. De acordo com Pinto do Amaral o maior índice de desenvolvimento económico está intimamente relacionado com os níveis de literacia. Contudo, os resultados da acção do PNL não se vêem a curto prazo. Há estudos que apontam para uma geração (20 ou 30 anos).
Na opinião de Pinto do Amaral, ler mais é ler melhor e isso significa ler todos os dias, dedicar tempo à leitura, o que vai permitir fazer as próprias escolhas. Quanto à leitura literária, ou leitura no campo das Humanidades, ela tem a vantagem de ser sempre actual, o que não acontece com os livros científicos. Um livro literário ou filosófico de há quinhentos anos continua a despertar, hoje, as mesmas emoções.
O Comissário do PNL terminou a sua comunicação com uma demonstração da sua confiança na sobrevivência do livro em suporte de papel: numa descontracção divertida lançou ao chão um livro, mostrando ao público como ele não tinha alterado a sua forma ou funcionalidades.