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"Quem Conta um Conto ..." _ José Craveiro

José Craveiro é um contador de histórias da nossa região, cuja fama ultrapassou já as fronteiras nacionais. No dia 27 de Outubro veio à EB 2,3 para realizar uma das propostas da Biblioteca para a comemoração do Dia Internacional das Bibliotecas Escolares, o “Momento do Conto”.
Em duas sessões, uma para o 2.º ciclo e outra para o 3.º, contou contos que conhece já desde a sua infância e encantou os alunos das turmas a quem se dirigiu. Lançado o desafio "Quem Conta um Conto...", os alunos foram convidados a recontar o que ouviram e alguns responderam positivamente, entregando na Biblioteca as suas versões.
Publicam-se, a seguir, os contos premiados.
2.ºciclo

A Menina Trabalhadora
Era uma vez uma menina que vivia com o pai. A mãe já tinha morrido. A filha levantava-se muito cedo para fazer o pequeno-almoço ao pai, porque queria que ele o encontrasse já pronto quando se levantasse.
Um dia o pai apercebeu-se que a filha trabalhava muito para o ver feliz. Pensou que precisava de uma mulher para a ajudar. Então, o pai foi passear pela rua à procura de quem fizesse aquela família feliz. Percorreu a aldeia toda para tentar encontrar uma mulher perfeita para ele. Encontrou uma senhora sentada num banco do jardim e perguntou-lhe:
- Quer casar comigo?
- É claro que sim! – disse ela.
- Então vamos para minha casa. – convidou o homem.
No dia seguinte, depois do homem sair, a mulher disse à menina:
-Se trabalhavas para dois, trabalhas para três; se lavavas para dois, lavas para três.
Passados uns dias, disse-lhe a madrasta:
-Vou fazer um piquenique com o teu pai. Já contei os figos da figueira. Se os pássaros vierem comê-los, a culpa será tua. Assim, terás de acenar com uma cana com três panos: um vermelho, outro amarelo e outro verde.
No dia seguinte, a filha pegou a cana e começou a acenar. Quando estava já muito cansada, sem poder ir beber água, encostou-se à figueira e adormeceu. Então, os pássaros vieram para cima da figueira e comeram alguns figos.
Quando chegou a madrasta, viu que os pássaros tinham comido seis figos e tinham deixado apenas um. Ficou muito zangada e disse à menina:
- Agora vai buscar a enxada e a pá e começa a cavar ao pé da figueira.

A menina assim fez. O buraco foi ficando cada vez mais fundo, até cabia um adulto lá dentro. A madrasta disse-lhe, então:
- Agora vais lá para dentro.
-Não vou, não
-Ai vais, vais.
-Mas não vou.
Mas a madrasta empurrou-a lá para dentro e começou a pôr-lhe terra para cima.
Quando a terra chegou aos lábios, a menina começou a esticar-se, mas não valeu a pena, porque a terra continuou a cair para cima dela, até que a cobriu. De repente, cresceu um canavial naquele terreno.
Passou um pastor por ali e perguntou:
- O canavial é seu?
O homem respondeu:
- Não, é daquele senhor que está naquele quintal.
O pastor foi ter com ele e perguntou.
- Aquele canavial é seu?
Ele antes não estava aqui, mas sim, este terreno é meu.
- Mas olhe, eu construí uma flauta, mas ela não tocou; ela falou. Quer ouvir?
Quando o pastor tocou, a flauta falou e contou e o que tinha acontecido. O homem empurrou o pastor e foi a correr para junto da figueira. Desenterrou a menina e levou-a à fonte para ficar o mais limpa possível. Depois foi ter com a madrasta e mandou-a embora.
E a menina ficou muito feliz e os pássaros também ficaram muito felizes.
Bendito e louvado e o conto está contado!

Jéssica Barbosa e Iolanda Samagaio, 5.ºC
3.º ciclo
A Torre da Madorna
Era uma vez dois irmãos que iam sempre com o pai para o campo, pinhais e assim. O pai avisava-os sempre “Meninos, não se afastem do burro!”.
Um dia foram para um pinhal onde nunca tinham ido e, mais uma vez, o pai os avisou para não se afastarem. Depois de trabalharem, o pai mandou-os brincar um pouco, mas ao pé do burro. Nesse dia os meninos avistaram um pássaro muito lindo, o que os motivou a apanhá-lo, mas o pássaro colorido foi indo de ramo em ramo, e os meninos sempre atrás. O que não repararam é que estava a ficar de noite. Quando viram que estavam completamente perdidos, nada de pai, nada de burro, os meninos começaram a gritar pelo pai, a chorar de tão desesperados que estavam. Uma senhora que por ali passava, preocupada com eles, parou e levou-os para a casa de um casal para cuidarem deles até à maioridade. Como os senhores não tinham filhos e sempre os tinham querido ter, aceitaram-nos muito bem.
Na casa, os senhores ensinaram tudo aos meninos, tudo o que sabiam, principalmente ensinaram-lhes a ser bons irmãos, a darem-se bem. Ofereceram um leão a cada um e uma espada ”especial”. Tinham de dar uma espadada num tronco de árvore que deitava uma fonte de seiva para que quando um dos irmãos estivesse numa má situação, o outro sentisse e o viesse ajudar. Os dois irmãos deram uma espadada no tronco que deitou a tal seiva e seguiram os seus caminhos.
Um deles andou, andou e encontrou uma cidade muito bela, mas muito triste, com pessoas a chorar. O jovem perguntou a uma velha senhora o que se passava, ao que ela lhe respondeu:
- É sábado, meu jovem, e ao sábado, temos de entregar uma pessoa à cobra das sete cabeças para ela comer e não nos devorar a todos, e hoje calhou à Princesa.
O jovem ficou estupefacto com o que a velha lhe contava e disse para não o fazerem, que ia lá, ao pé da cobra. Jovem corajoso!
Ao avistar a gruta e uma jovem donzela junto dela, disse à menina para ir para cima da gruta e o mesmo disse ao leão. O rapaz chamou a cobra, “Aparece cobra, seu bicho feio, se tens coragem aparece!” e a cobra foi aparecendo aos poucos e quando se viu a cabeça do meio (a cabeça que comandava as outras), o jovem disse para o seu leão “Ataca a cabeça do meio, leão”. Assim que as garras se espetaram na cabeça, as outras desfizeram-se. O jovem salvou a princesa, dizendo-lhe para ir para junto do seu pai e dizer-lhe que já não ia morrer.
O pai, ficando muito satisfeito, anunciou que quem lhe trouxesse a prova de que tinha matado a cobra casaria com a princesa. Um rapaz qualquer trouxe-lhe as cabeças da cobra num saco, mas a princesa dizia que não tinha sido esse rapaz, que era outro.
- Mas filha, eu prometi! – dizia o pai.
Tocaram os sinos para o casamento e a princesa chorava porque não se queria casar com aquele rapaz. O jovem que matara a cobra ouviu os sinos e perguntou a um senhor o que se passava e ele disse que a princesa se ia casar com o jovem que tinha matado a cobra. O jovem indignado, sabendo que tinha sido ele, correu para o palácio para interromper o casamento, e provou que o tinha feito, mostrando as línguas. Casou-se ele com a princesa...
Já casados, os dois subiram à torre do castelo. O jovem viu uma torre muito escura, ao longe e quis lá ir, mas a Princesa disse-lhe que não podia, que aquela era a Torre da Madorna, quem lá vai não torna. Ao fim de sete dias, o jovem, dando uma desculpa que ia passear o leão, foi até a torre.
Estava uma mulher à porta que o convidou a entrar, mas ele achou muito estranho. Então ela desafiou-o para uma luta e ele não se importou. Mas ela pediu-lhe “Já que o seu leão lhe obedece, ele pode-me atacar, por isso prenda um fio do meu cabelo ao leão e àquela árvore”. O jovem não notou nada de estranho e fê-lo. Então, ela começou a transformar-se num monstro e ele sempre a dizer “Ataca leão” mas nada, o fio de cabelo transformou-se em ferro e o leão não conseguiu. A mulher pôs o homem também prisioneiro, na torre.
O irmão sentiu que algo se passava, correu para a árvore onde se tinham separado, seguiu o caminho do irmão e encontrou a cidade, mas muito triste. Perguntou o que se passava ao que lhe responderam:
- Perdemos o futuro rei, um jovem corajoso que matou a cobra das sete cabeças.
- De certeza que é o meu irmão - disse ele.
Foi falar com a princesa e ela disse-lhe que o marido há uns dias queria ir à Torre de Madorna, quem lá vai não torna.
O irmão correu para a tal torre, encontrou a mulher encostada à porta que lhe fez a mesma coisa que ao irmão, mas quando lhe deu o fio de cabelo, ele disse, “Tenho sede , dê-me um copo de água”. Ela foi buscar a água e, ao mesmo tempo, o rapaz atou um fio da camisa ao pescoço do leão. Quando ela começou a transformar-se em monstro, o rapaz diz “Ataca leão” e o leão espetou as suas garras na mulher. Ela ficou surpreendida e pediu para parar, mas ele só o fez com a condição de ela libertar os prisioneiros todos.
No castelo, ficaram todos felizes pelo sucedido e pediram para ser o irmão o rei, mas ele recusou. Mesmo assim, viveram felizes para sempre.
Vitória, vitória e acabou a história!
Cátia Cruz, 9.ºB

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